Dando um ponto final na edição da SPFW N58, Fernanda Yamamoto reuniu os seus convidados, na tarde desta segunda-feira (21.10), no jardim do Pavilhão Japonês, em São Paulo.
Com ares cerimoniais, a apresentação é uma comemoração dupla: Fernanda Yamamoto celebra 15 anos de marca em novembro de 2024 e o espaço localizado no Parque do Ibirapuera, que é um símbolo da arquitetura japonesa e da comunidade nipo-brasileira, completa 70 anos de história.
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Ao som dos tambores de taiko, do grupo Deai, e das vozes de um coral vestido de branco, comandado pela cantora lírica Marília Vargas, um casting diverso cruzou a passarela. 40 amigos e clientes da marca foram convidados para retratar diferentes gêneros, idades e biotipos. Boa parte deles tem ascendência japonesa, para reforçar “a importância da representatividade amarela”, segundo a estilista.
Todas essas pessoas tiveram as suas roupas feitas sob medida, levando em consideração não só os seus variados corpos como também as suas diferentes personalidades. Pode até parecer uma obviedade, mas, assim, Fernanda Yamamoto lembra que roupa sempre é feita para alguém.
A estrutura geral das peças traz elementos caros para a marca. Tomando como base a modelagem do quimono, peças amplas e geométricas são feitas de veludo, seda, organza, crepe e tricô de nylon – algumas ganham amarrações no torso, com um obi. Os plissados artesanais, que são uma assinatura da estilista, estão em vestidos, conjuntos e capas.
Destaque também para a alfaiataria, principalmente na ala masculina (apesar de ser bem agênero, a etiqueta tem uma linha para eles, a Nando), que dá um toque mais urbano para tudo.
A paleta de cor é majoritariamente branca e bege, com momentos de rosa, vermelho e tingimento natural de índigo japonês assinado por Tati Polo. A especialista em colorir tecidos usa a técnica Itajime Shibori, com pedaços de madeira para localizar a parte que a tintura ficará no pano.
A artista Clarisse Romeiro, por sua vez, desenvolveu uma estampa com a figura do tsuru e da flor de cerejeira, respectivamente, símbolos de sorte e renovação. E o boro, técnica japonesa para reparar roupas com furos e rasgos, é feito com sobras de retalhos do ateliê. Os pedaços de tecido são aplicados através do ponto de costura sashiko com linhas metalizadas.
Toques como o bordado dourado de folha de ginkgo biloba, bem como a aplicação de foil e a versão em tecido do kintsugi, arte japonesa de juntar cacos de cerâmica, finalizam essa ode a tanta riqueza ancestral numa coleção que fecha a semana de moda com chave de ouro.
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